domingo, 6 de fevereiro de 2011

VOLTEI!

Em artigo, FHC pede que oposição ao governo fale 'forte'

Para evitar que o governo do PT e seus aliados continuem 'na toada' de tomar a propaganda por realização, a oposição precisa falar 'e falar forte', sem medo e sem se perder em 'questiúnculas internas', recomenda hoje em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 'Há que mexer no desagradável', desafia FHC. O texto, com o título 'Tempo de Muda', compara o momento de início de ano, com nova presidente empossada e novo Congresso Nacional, com a hora da 'troca de animais cansados por outros mais bem dispostos e de plantas que saem de vasos para florescer em terra firme'. Mesmo com essa renovação, alerta, o Brasil é o de sempre, com seus êxitos, lacunas e aspirações.

Das lacunas e mazelas que continuam, FHC critica especialmente a 'herança braba' que a presidente Dilma 'herdou de seu patrono (Lula) e de si mesma', em especial a situação fiscal 'que se agravou'. 'Nem bem assume, seus porta-vozes econômicos já têm de apelar para as mágicas antigas', comenta o ex-presidente no artigo. Ele diz que há no momento um 'reconhecimento mal disfarçado da necessidade de um ajuste fiscal' e que 'os pelegos aliados do governo (as principais centrais sindicais) que enfiem a viola no saco pois os déficits deverão falar mais alto do que as benesses que solidarizam as centrais com o governo Lula'.

FHC critica ainda o atropelo em questões como a instalação da Usina de Belo Monte, que 'há de vir à luz por cesariana, esquecendo as preocupações com o meio ambiente e com o cumprimento de requisitos legais', e a exploração das reservas do pré-sal, que no seu entender deveria esperar até que o País tenha uma estratégia mais clara sobre como e quando aproveitá-las.

As alianças com os partidos da governabilidade continuarão a custar caro no Congresso e Ministérios, segundo FHC, que também cita indicações para o segundo escalão, como a presidência de Furnas, 'objeto de rapto e retaliação'.

Em meio a todo esse quadro, FHC questiona a oposição ao governo que 'quer ser elevada sem sujar as mãos (ou a língua) nas nódoas do cotidiano nem confundir crítica ao que está errado com oposição ao País'.

Ao diagnosticar que o governo anterior (Lula) sonegava à população o debate sobre seu futuro, FHC afirma que está na hora de a oposição 'berrar e pedir a democratização das decisões, submetendo-as ao debate público'.