quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

AUMENTO PÍFIO: Planalto usa rolo compressor e prejudica 47 milhões de trabalhadores ao barrar mínimo de R$ 600

O governo fez um “rolo compressor” em cima da base aliada. Líderes, ministros e governadores ameaçaram os deputados de demissão de cargos políticos, não pagamento de emendas e alijamento permanente da base governista. A acusação foi feita pelo líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP ), logo após a votação do piso salarial nesta quarta-feira (16). Segundo o tucano, ao impor a sua base aliada o reajuste do mínimo para R$ 545, que venceu as propostas do PSDB de R$ 600 e do Dem de R$ 560, o governo Dilma gera uma perda do poder aquisitivo do trabalhador e interrompe uma série histórica de 16 anos de crescimento real do piso salarial.
“A presidente impôs aos deputados da sua base, com muito constrangimento, um ‘desaumento’, uma regressão, uma perda do poder aquisitivo dos 47 milhões de brasileiros que ganham o piso salarial”, reprovou o tucano, que também classificou de “profunda derrota da sociedade” a aprovação do reajuste de R$ 545.
Duarte lembrou que a proposta inicial do Planalto era aumentar o valor para R$ 538, que passou para R$ 540 na Lei Orçamentária. Com este último patamar, haveria uma redução real de 0,5%. Com R$ 545, o percentual a expansão foi de pífios 0,3%. “Esse aumento vai ser negativo, porque a inflação já comeu esse ganho. O governo deveria saber que muitas das famílias que recebem salário mínimo direcionam esse dinheiro para gêneros de primeira necessidade: vestuário, alimento, remédio, coisas do dia-a-dia”, afirmou.
O deputado também chamou a atenção para as dificuldades vividas por quem ganha o piso salariam. “O salário, às vezes, acaba antes. O Planalto poderia fazer a economia que propusemos aqui, de apenas 10% nas despesas não obrigatórias. Com isso, economizaria R$ 11,5 bilhões, sem nenhum prejuízo aos investimentos, sem nenhum comprometimento aos programas sociais”, reforçou ao destacar que a proposta de R$ 600 apresentada pelo PSDB era de total responsabilidade, já que foi baseada em estudos que comprovavam a existência de recursos para o pagamento desse valor.

Confira abaixo o que disseram os tucanos, durante a votação em plenário nesta quarta-feira (16):

“Fica aqui o protesto do PSDB e o protesto da liderança da Minoria, representante que é aqui no Congresso das bancadas de oposição ao Governo, quanto à forma, quanto ao método autoritário, quanto ao baixo valor de aumento do salário mínimo, porque não foi bem discutida a matéria. Foi trazida a audiência nesta Casa em 48 horas, 12 das quais destinadas à apresentação de números que não convenceram a nenhum destes parlamentares.” - Deputado Paulo Abi-Ackel (MG), líder da Minoria na Câmara.

“Nós passamos os últimos oito anos assistindo de forma reiterada o aumento do número de ministérios e dos cargos comissionados em detrimento da maioria do povo brasileiro que é prejudicada porque recebe apenas um salário mínimo. Falam de austeridade fiscal e responsabilidade, mas foi este mesmo PT que votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Plano Real e o Proer que reestruturou o sistema financeiro em nosso país.” – Deputado Rogério Marinho (RN)

“Fazem de tudo para utilizar os números em prejuízo dos trabalhadores. Como não posso oferecer um presente a cada membro do governo, quero fazê-lo na pessoa do líder do governo nesta Casa, deputado Cândido Vacarezza. Trouxe a ele um livro para que leia e repasse ao ministro Mantega e a presidenta Dilma para que aprendam, por favor, a usar os números. Chama-se ‘O Homem que Calculava’. Dá para calcular e utilizar os números em favor do trabalhador, diferente do que a base governista está fazendo, utilizando os números contra os trabalhadores.” – Deputado Vaz de Lima (SP)

“Não é exatamente agora, Partido dos Trabalhadores, que nós tínhamos que recuperar esses salário mínimo, que, do início da década de 70 até o início da década de 90, só perdeu o poder de compra? Por que quebrar essa nova lógica de ganho que passamos a ter nos últimos anos? Por que tirar exatamente dos mais pobres, daqueles que mais precisam? Esta Casa não pode olhar apenas para alguns, tem que recuperar o salário mínimo, que é fundamental no combate à pobreza e no processo de desenvolvimento do país.” - Deputado César Colnago (ES)

“É vergonhosa a proposição do Governo de conceder 545 reais de salário para os trabalhadores brasileiros. O valor não é digno para os trabalhadores e aposentados do do Brasil. O PT que sempre defendeu os interesses dos trabalhadores neste país hoje sucumbe diante da imposição de uma presidente da República que tem uma herança de R$ 50 bilhões, assumida após as eleições pela gastança do governo Lula, uma tragédia para o País.” - Deputado Vanderlei Macris (SP)

“O PT é hoje o grande defensor dos banqueiros nesta Casa, o grande defensor do capital que especula financeiramente o nosso país. O cidadão que aguarda ansioso por um aumento tem pela frente dez meses e 14 dias de espera para poder tê-lo. Fico imaginando se a sua fome espera, se o seu desejo de comer e vestir espera esse tempo todo para contemplar o aumento real no salário mínimo. Em São Paulo com o governador Geraldo Alckmin foi diferente. Conseguimos conduzir um consenso a medida em que ouvimos as centrais sindicais e essas centrais tiveram assento para ouvir e manifestar o interesse de fixar o piso de R$ 600.” – Deputado Luiz Fernando Machado (SP)

“Se lermos os jornais, veremos que os gastos com cartões corporativos são da ordem de R$ 80 milhões. Então quer dizer que para a gastança da máquina pública, para os cargos comissionados e para as viagens há recursos. Agora, para garantir um aumento real para o salário mínimo não têm? O empecilho não reside nas questões orçamentárias ou da Previdência. O que se precisa é de prioridade.” – Deputado Raimundo Gomes de Matos (CE)

“Ao defendermos os R$ 600, nós do PSDB, tivemos o cuidado de apresentar, de maneira clara e objetiva, números que demonstravam que isso era viável. O que mais nos surpreende e que torna esta noite histórica é o fato de que a máscara caiu. Deputados de outros partidos diziam que estavam com os trabalhadores e votariam por um mínimo maior que o proposto pelo Planalto e aqui votam nos R$ 545, o que é uma covardia com o trabalhador” – Deputado Domigos Sávio (MG)

“Dois fatos, pela gravidade e pela importância, merecem registro. Pela gravidade, a ação do governo Dilma sobre esta Casa, coagindo, pressionando, constrangendo e até mesmo ameaçando deputados para fazer valer a sua vontade. Pela importância, o fato de que, no primeiro ato, que significa a votação de maior repercussão desta Casa, o governo não oferece nenhum aumento para aqueles que merecem ter um salário mínimo corrigido e com, ao menos, um pequeno ganho real.” – Deputado Antonio Imbassahy (BA)

“Jamais imaginei assistir a uma sessão como esta no Congresso Nacional em que houvesse a dicotomia dos sindicatos de um lado, e o Partido dos Trabalhadores do outro. Isso tem que ficar muito claro. Não cabe mais inverdades, não dá para esconder a incompetência deste governo que fez um discurso durante a campanha eleitoral e hoje mostra, na prática, que está contra o trabalhador brasileiro e o aposentado brasileiro.” – Deputado Ricardo Tripoli (SP)