Em artigos publicados neste domingo nos jornais goianos Diário da Manhã e O Popular, a senadora tucana Lúcia Vânia (PSDB/GO) reiterou a sua campanha contra a roubalheira no Brasil. “Corrupção produz pobreza”, salientou a senadora no artigo intitulado “Insensata Corrupção!”.
No mesmo artgio, Lúcia Vânia enfatiza estudo de 2008 do professor Marcos da Silva, da USP e da FGV, apontando que a corrupção joga no ralo de R$ 41,5 bi a R$ 69,1 bi correspondentes a 60,2% dos investimentos públicos.
“Se o dinheiro desviado para a corrupção fosse aplicado na educação, somente os recursos do ensino fundamental poderiam ser aumentados em 48%, ou 16,4 milhões de alunos a mais”, destacou.
O quê VOCÊ tem a ver com a corrupção.
ARTIGO
No último fim de semana abordei o mesmo tema deste artigo e terminei fazendo algumas perguntas: o que, efetivamente, tem a ver a corrupção conosco, cidadãos comuns? Quais as consequências econômicas para o Brasil dessa situação de corrupção? Existe um ranking internacional da corrupção?
Proponho-me, hoje, a responder a essas perguntas dentro dos limites possíveis de um artigo.
Disse no outro artigo que a corrupção refere-se a um rompimento no corpo social. Em qualquer das suas formas ela deve ser entendida como um delito que, para além de suas consequências legais, possui profundas implicações sociais, econômicas e, também, éticas e culturais.
Quando se pensa nos níveis de tolerância do brasileiro à corrupção, não podemos supor que ela esteja incorporada ao caráter do brasileiro, mas que reflete uma construção social que permite que ela seja tolerada como prática, como diria o antropólogo brasileiro Roberto da Matta.
Para o filósofo Eduardo Giannetti a tolerância à corrupção passa pela impunidade. Para ele a probabilidade de ser pego, e a gravidade da pena ao ser pego, são extremamente insuficientes para coibirem a expectativa de benefícios que a corrupção proporciona.
Por ouro lado somos parte de uma sociedade que valoriza sobremaneira o TER sobre o SER. A nossa construção histórica de sociedade ocidental capitalista nos pressiona a termos cada vez mais.
Somando tudo temos sempre à nossa disposição condições propícias à corrupção, o que não significa que ela seja generalizada por todos os indivíduos.
Sendo assim, concluímos que a corrupção afeta toda a sociedade, ao arruinar a prestação de serviços públicos e ser empecilho ao desenvolvimento social do país, ao corroer a dignidade dos cidadãos, ao deteriorar o convívio social e, fundamentalmente, ao comprometer a vida das gerações futuras.
A campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, do Ministério Público, parte do pressuposto de que a luta contra a corrupção exige uma mudança cultural e de comportamento de cada cidadão, porque uma sociedade só se modifica quando os indivíduos que a compõem se modificam. É uma campanha coletiva porque, isoladamente, pode parecer difícil, mas com o comprometimento de todos é possível detê-la.
Estou convencida de que o combate à corrupção passa pela defesa intransigente da honestidade e dos princípios da ética, inclusive nas pequenas atitudes, como furar a fila ou lucrar alguns centavos no troco de uma compra. O êxito da luta contra a corrupção está intrinsecamente ligada à educação das novas gerações para o exercício da cidadania. A conscientização das crianças pode nos levar a um Brasil mais justo e sério.
Outro fator relevante é a adoção de medidas que diminuam a burocracia judicial, tornando mais eficaz a punição de corruptos e corruptores.
E quais as consequências da corrupção para o Brasil como país?
O fato concreto é que a corrupção produz pobreza.
No cenário internacional, no ranking da corrupção da ONG Transparência Internacional, ano de 2009, o Brasil ocupa a 75ª colocação num universo de 180 países.
Segundo o Banco Mundial, com essa colocação no ranking o Brasil está próximo de países pobretões como o Sri Lanka, Malauí, Peru e Jamaica e de duas ditaduras, Cuba e Bieo-Rússia.
Os economistas do Banco Mundial fizeram várias projeções e concluíram que se o Brasil não estancar esses níveis de corrupção em oito décadas a renda per capita brasileira está 75% menor. Se, por outro lado, alcançarmos o nível de honestidade da Inglaterra a nossa renda per capita chegará a 14.000 dólares.
No Brasil o dinheiro desviado pelo superfaturamento de obras públicas e pela sonegação de impostos faz falta para investir em infraestrutura, na saúde pública, na educação e na criação de qualidade de vida de nossa população.
Portanto, a corrupção não somente corroe o tecido social, mas a curto, a médio e a longo prazos implica no empobrecimento do país e da população brasileira.
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